O governo do Rio de Janeiro iniciou nesta segunda-feira (17) uma das maiores operações já anunciadas contra o crime organizado no estado. A força-tarefa Barricada Zero tem como objetivo remover mais de 13 mil barricadas instaladas por facções criminosas em ruas, becos e acessos de comunidades da região metropolitana. De acordo com o levantamento do Instituto de Segurança Pública, 13.604 pontos de bloqueio já foram mapeados, mas o governo admite que o número real pode ser ainda maior.
As barricadas que vão desde carros incendiados e entulhos até valas profundas e estruturas eletrificadas representam há anos mais do que obstáculos físicos. Elas simbolizam a ocupação de territórios, a limitação do direito de ir e vir e a imposição de regras violentas sobre moradores, comerciantes e trabalhadores. Em diversas regiões da zona oeste e da Baixada Fluminense, esses bloqueios funcionam como fronteiras invisíveis entre áreas dominadas por facções rivais e muitas vezes como pontos de cobrança de taxas.
A nova ofensiva do governo promete enfrentar o problema com estrutura pesada, articulação entre municípios e presença policial contínua. Retroescavadeiras, motosserras, rompedores hidráulicos e caminhões farão parte da força-tarefa. Os chamados kits de demolição serão disponibilizados para prefeituras de 12 cidades na primeira fase do plano, incluindo Rio de Janeiro, duque de caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Japeri, São Gonçalo, Itaboraí, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Queimados e Maricá.
Segundo informações, Duque de Caxias terá uma função de destaque dentro da operação. O município foi escolhido pelo governo estadual como base central de armazenamento e distribuição do maquinário pesado, o que reforça a sua importância estratégica na logística e na expansão das ações para toda a Baixada. Para autoridades locais, o papel de Caxias não se limita ao apoio operacional, mas representa também uma oportunidade de acelerar a retomada de vias historicamente comprometidas por bloqueios.
Além da infraestrutura física, delegacias e batalhões que se destacarem na retirada das barricadas receberão um sistema de bonificação. O governo ainda não detalhou como esse incentivo será aplicado.
A ação segue quatro etapas principais. A primeira envolve a segurança prévia com equipes especializadas da Polícia Militar e da Polícia Civil. A segunda consiste na remoção dos bloqueios. A terceira etapa prevê ações de revitalização urbana dos trechos liberados. A fase final é de monitoramento permanente para impedir a reinstalação das barreiras. A promessa do governo é garantir que as ruas abertas não voltem a ser tomadas pelo crime, um desafio que depende não apenas da eliminação física dos obstáculos, mas da presença contínua do Estado.
O plano surge após a operação contenção, realizada em outubro, que resultou em 121 mortos e reacendeu o debate sobre segurança pública, controle territorial e expansão das facções. Para o governador Cláudio Castro, o Barricada Zero é uma resposta direta à necessidade de recuperar áreas dominadas pelo tráfico e devolver às pessoas o direito básico de ir e vir.
A iniciativa foi apresentada no Palácio Guanabara com a participação de prefeitos da região metropolitana, como Eduardo Paes e Capitão Nelson. O tema será discutido nesta semana na Câmara Municipal do Rio, o que evidencia a urgência da pauta na agenda pública.
Com a chegada das máquinas às ruas, muitos moradores expressam esperança. A expectativa é retomar a circulação livre, recuperar a rotina sem medo e finalmente ver o Estado presente em locais que, por muito tempo, permaneceram sob domínio criminoso.

7