A Polícia Civil do Rio de Janeiro desarticulou um dos maiores esquemas de desmanche de motocicletas já identificados no Complexo da Mangueirinha. A ação, realizada por agentes da 59ª DP (Duque de Caxias) na última terça-feira (2), resultou na apreensão de aproximadamente 50 motos roubadas na comunidade do Corte Oito, área considerada estratégica pelo crime organizado na Baixada Fluminense.

Segundo os investigadores, o local funcionava de forma permanente como um centro de desmontagem, armazenamento e revenda clandestina de peças. Muitas motocicletas estavam inteiras, enquanto outras já haviam sido completamente desmontadas. Peças embaladas para comercialização, máquinas de cartão e até uma prensa utilizada para compactar drogas também foram apreendidas.

Desmanche desarticulado. Foto: divulgação/internet.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o esquema, conhecido entre criminosos como “Oficina do Dadá”, era operado pelo Comando Vermelho (CV) e servia como uma importante engrenagem financeira para o tráfico de drogas que atua na Mangueirinha. A região é apontada como área de influência de um criminoso identificado como “Bochecha Rosa”, que, segundo as investigações, teria papel direto no controle da atividade ilícita.

A Polícia Civil afirma que o desmanche impulsionava o roubo de motocicletas não apenas em Duque de Caxias, mas também em municípios vizinhos, abastecendo uma rede clandestina lucrativa e fortalecendo economicamente a facção.

A Operação Torniquete reforça a conexão entre furtos e roubos de veículos e o financiamento de grupos criminosos na Baixada Fluminense. As investigações seguem para identificar e capturar os responsáveis pelo gerenciamento diário da oficina ilegal.

Para as autoridades, a desarticulação do espaço representa um golpe significativo na logística que sustentava parte das atividades do tráfico na região.

A Operação Muro de Favores, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (25), levou à prisão em flagrante do vereador de São João de Meriti, Ernane Aleixo (PL). O parlamentar, que cumpre seu quinto mandato consecutivo, é suspeito de oferecer suporte logístico e material ao Terceiro Comando Puro (TCP) em comunidades da Baixada Fluminense, segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro.

A ação policial faz parte do esforço estadual para enfraquecer estruturas que sustentam o crime organizado, sobretudo em áreas dominadas por barricadas. As comunidades Trio de Ouro, em São João de Meriti, e Guacha e Santa Tereza, em Belford Roxo, são citadas como principais pontos de atuação do núcleo investigado.

Suspeitas envolvem apoio na construção de barricadas

De acordo com o inquérito, a Polícia Civil aponta a existência de um “nexo causal promíscuo” entre o vereador e integrantes do TCP. As investigações indicam que Aleixo teria contribuído para a construção e manutenção de barricadas, estruturas utilizadas por traficantes para impedir o avanço das forças de segurança e controlar a circulação dos moradores.

A polícia afirma que o parlamentar poderia ter utilizado bens públicos, incluindo máquinas da prefeitura, para auxiliar na preparação das ruas onde as barreiras eram erguidas. Em um dos diálogos citados no relatório, ele teria oferecido até um martelete para facilitar o trabalho dos criminosos.

Material apresentado pela Polícia. Foto: Divulgação.

Além disso, os investigadores apontam que Aleixo orientava integrantes da facção sobre pontos estratégicos para instalar bloqueios, reforçando a suspeita de proximidade e troca de informações. Outro elemento que chamou a atenção dos agentes foi a possível oferta de vagas de emprego em um hospital para pessoas indicadas por um traficante, o que, segundo a Polícia Civil, configuraria troca de favores para garantir apoio político e controle territorial.

A operação está inserida no contexto do programa Barricada Zero, iniciativa do Governo do Estado que pretende remover mais de 13 mil bloqueios em comunidades do Rio de Janeiro, muitos deles concentrados na Baixada Fluminense.

Repercussão e posicionamento oficial

Figura tradicional na política de São João de Meriti, Ernane Aleixo foi eleito pela primeira vez em 2008 e mantinha forte presença nas redes sociais, onde se apresentava como um defensor da ordem e dos interesses da população. A Câmara Municipal informou que aguarda notificação oficial da Justiça e destacou que qualquer acusação contra agentes públicos deve ser tratada com cautela e dentro do devido processo legal.

A defesa do vereador ainda não foi localizada para comentar as suspeitas.

A Operação Muro de Favores também cumpriu oito mandados de prisão e 36 de busca e apreensão. Entre os detidos estão pessoas do círculo próximo de Marlon Henrique da Silva, conhecido como Pagodeiro, apontado como braço-direito de “Genaro”, liderança do TCP na região.

Próximos passos da investigação

Com a prisão em flagrante, a Polícia Civil deve aprofundar a análise dos materiais apreendidos para verificar a extensão da eventual participação do vereador em crimes como tráfico de drogas, homicídios, extorsão de comerciantes e lavagem de dinheiro. A Câmara de São João de Meriti também deverá se posicionar sobre o futuro político de Ernane Aleixo diante do andamento do processo.

O caso fortalece o debate sobre a influência do crime organizado na Baixada Fluminense e reforça ainda mais a importância da fiscalização e da transparência na atuação de agentes públicos.

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A comunidade da Mangueirinha, em Duque de Caxias, se tornou o ponto de partida da primeira fase da Operação Barricada Zero, lançada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro na manhã desta segunda-feira, 24 de novembro de 2025. Considerada uma das áreas mais atingidas por bloqueios impostos por facções criminosas em nossa cidade, a Mangueirinha recebeu as primeiras equipes e maquinários da força-tarefa, que pretende remover mais de 13 mil barricadas mapeadas na Região Metropolitana.

Coronel Reis, comandante do Décimo Quinto Batalhão deixa seu recado:

Embora a operação tenha sido iniciada simultaneamente em outras quatro regiões, Cidade de Deus, na capital; Jardim Catarina, em São Gonçalo; Grão-Pará, em Nova Iguaçu; e os bairros São Simão e Dom Bosco, em Queimados, foi em Caxias que o trabalho ganhou estrutura e ritmo. O município se tornou a base logística do projeto, concentrando o armazenamento e a distribuição dos 50 kits de demolição utilizados na ação. Entre eles estão retroescavadeiras, rompedores hidráulicos e caminhões basculantes, equipamentos essenciais para desfazer as barreiras de concreto, pneus e entulhos que há anos dificultam o ir e vir de moradores.

A escolha da Mangueirinha como ponto inicial também carrega um simbolismo importante. A comunidade convive há muito tempo com vias interrompidas, acessos restritos e limitações que afetam desde a passagem de ambulâncias até o funcionamento de serviços públicos. A presença das equipes nesta fase inicial devolve à população a esperança de circulação mais segura, além de marcar um gesto mais concreto do poder público em direção à Baixada Fluminense.

Coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional, a Barricada Zero reúne esforços da Polícia Militar, Polícia Civil, secretarias de Estado e prefeituras. A meta é devolver mobilidade, facilitar ações de emergência e permitir que as forças de segurança cheguem a locais antes bloqueados pelo crime organizado. Em comunicado oficial, o governador Cláudio Castro afirmou que o estado não aceitará mais a instalação de novos obstáculos e que qualquer tentativa de reinstalação será enfrentada com operações imediatas das unidades especiais.

As forças de segurança informaram que as cinco áreas-alvo já estão estabilizadas, permitindo o avanço do maquinário e o início do processo de remoção em ritmo contínuo. Na Mangueirinha, os trabalhos começaram pelas ruas mais comprometidas, onde moradores relatavam maior dificuldade de circulação e riscos em casos de emergência.

O governo reforça que a participação da comunidade é essencial para a continuidade da operação. Denúncias sobre a reinstalação de barricadas podem ser feitas pelo Disque Denúncia, no número (21) 2253-1177, garantindo o anonimato dos informantes.