A Operação Muro de Favores, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (25), levou à prisão em flagrante do vereador de São João de Meriti, Ernane Aleixo (PL). O parlamentar, que cumpre seu quinto mandato consecutivo, é suspeito de oferecer suporte logístico e material ao Terceiro Comando Puro (TCP) em comunidades da Baixada Fluminense, segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro.

A ação policial faz parte do esforço estadual para enfraquecer estruturas que sustentam o crime organizado, sobretudo em áreas dominadas por barricadas. As comunidades Trio de Ouro, em São João de Meriti, e Guacha e Santa Tereza, em Belford Roxo, são citadas como principais pontos de atuação do núcleo investigado.

Suspeitas envolvem apoio na construção de barricadas

De acordo com o inquérito, a Polícia Civil aponta a existência de um “nexo causal promíscuo” entre o vereador e integrantes do TCP. As investigações indicam que Aleixo teria contribuído para a construção e manutenção de barricadas, estruturas utilizadas por traficantes para impedir o avanço das forças de segurança e controlar a circulação dos moradores.

A polícia afirma que o parlamentar poderia ter utilizado bens públicos, incluindo máquinas da prefeitura, para auxiliar na preparação das ruas onde as barreiras eram erguidas. Em um dos diálogos citados no relatório, ele teria oferecido até um martelete para facilitar o trabalho dos criminosos.

Material apresentado pela Polícia. Foto: Divulgação.

Além disso, os investigadores apontam que Aleixo orientava integrantes da facção sobre pontos estratégicos para instalar bloqueios, reforçando a suspeita de proximidade e troca de informações. Outro elemento que chamou a atenção dos agentes foi a possível oferta de vagas de emprego em um hospital para pessoas indicadas por um traficante, o que, segundo a Polícia Civil, configuraria troca de favores para garantir apoio político e controle territorial.

A operação está inserida no contexto do programa Barricada Zero, iniciativa do Governo do Estado que pretende remover mais de 13 mil bloqueios em comunidades do Rio de Janeiro, muitos deles concentrados na Baixada Fluminense.

Repercussão e posicionamento oficial

Figura tradicional na política de São João de Meriti, Ernane Aleixo foi eleito pela primeira vez em 2008 e mantinha forte presença nas redes sociais, onde se apresentava como um defensor da ordem e dos interesses da população. A Câmara Municipal informou que aguarda notificação oficial da Justiça e destacou que qualquer acusação contra agentes públicos deve ser tratada com cautela e dentro do devido processo legal.

A defesa do vereador ainda não foi localizada para comentar as suspeitas.

A Operação Muro de Favores também cumpriu oito mandados de prisão e 36 de busca e apreensão. Entre os detidos estão pessoas do círculo próximo de Marlon Henrique da Silva, conhecido como Pagodeiro, apontado como braço-direito de “Genaro”, liderança do TCP na região.

Próximos passos da investigação

Com a prisão em flagrante, a Polícia Civil deve aprofundar a análise dos materiais apreendidos para verificar a extensão da eventual participação do vereador em crimes como tráfico de drogas, homicídios, extorsão de comerciantes e lavagem de dinheiro. A Câmara de São João de Meriti também deverá se posicionar sobre o futuro político de Ernane Aleixo diante do andamento do processo.

O caso fortalece o debate sobre a influência do crime organizado na Baixada Fluminense e reforça ainda mais a importância da fiscalização e da transparência na atuação de agentes públicos.

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O governo do Rio de Janeiro iniciou nesta segunda-feira (17) uma das maiores operações já anunciadas contra o crime organizado no estado. A força-tarefa Barricada Zero tem como objetivo remover mais de 13 mil barricadas instaladas por facções criminosas em ruas, becos e acessos de comunidades da região metropolitana. De acordo com o levantamento do Instituto de Segurança Pública, 13.604 pontos de bloqueio já foram mapeados, mas o governo admite que o número real pode ser ainda maior.

As barricadas que vão desde carros incendiados e entulhos até valas profundas e estruturas eletrificadas representam há anos mais do que obstáculos físicos. Elas simbolizam a ocupação de territórios, a limitação do direito de ir e vir e a imposição de regras violentas sobre moradores, comerciantes e trabalhadores. Em diversas regiões da zona oeste e da Baixada Fluminense, esses bloqueios funcionam como fronteiras invisíveis entre áreas dominadas por facções rivais e muitas vezes como pontos de cobrança de taxas.

A nova ofensiva do governo promete enfrentar o problema com estrutura pesada, articulação entre municípios e presença policial contínua. Retroescavadeiras, motosserras, rompedores hidráulicos e caminhões farão parte da força-tarefa. Os chamados kits de demolição serão disponibilizados para prefeituras de 12 cidades na primeira fase do plano, incluindo Rio de Janeiro, duque de caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Japeri, São Gonçalo, Itaboraí, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Queimados e Maricá.

Segundo informações, Duque de Caxias terá uma função de destaque dentro da operação. O município foi escolhido pelo governo estadual como base central de armazenamento e distribuição do maquinário pesado, o que reforça a sua importância estratégica na logística e na expansão das ações para toda a Baixada. Para autoridades locais, o papel de Caxias não se limita ao apoio operacional, mas representa também uma oportunidade de acelerar a retomada de vias historicamente comprometidas por bloqueios.

Além da infraestrutura física, delegacias e batalhões que se destacarem na retirada das barricadas receberão um sistema de bonificação. O governo ainda não detalhou como esse incentivo será aplicado.

A ação segue quatro etapas principais. A primeira envolve a segurança prévia com equipes especializadas da Polícia Militar e da Polícia Civil. A segunda consiste na remoção dos bloqueios. A terceira etapa prevê ações de revitalização urbana dos trechos liberados. A fase final é de monitoramento permanente para impedir a reinstalação das barreiras. A promessa do governo é garantir que as ruas abertas não voltem a ser tomadas pelo crime, um desafio que depende não apenas da eliminação física dos obstáculos, mas da presença contínua do Estado.

O plano surge após a operação contenção, realizada em outubro, que resultou em 121 mortos e reacendeu o debate sobre segurança pública, controle territorial e expansão das facções. Para o governador Cláudio Castro, o Barricada Zero é uma resposta direta à necessidade de recuperar áreas dominadas pelo tráfico e devolver às pessoas o direito básico de ir e vir.

A iniciativa foi apresentada no Palácio Guanabara com a participação de prefeitos da região metropolitana, como Eduardo Paes e Capitão Nelson. O tema será discutido nesta semana na Câmara Municipal do Rio, o que evidencia a urgência da pauta na agenda pública.

Com a chegada das máquinas às ruas, muitos moradores expressam esperança. A expectativa é retomar a circulação livre, recuperar a rotina sem medo e finalmente ver o Estado presente em locais que, por muito tempo, permaneceram sob domínio criminoso.

Na sessão plenária da Câmara Municipal de Duque de Caxias, realizada em 16 de setembro, os vereadores apresentaram uma série de solicitações e projetos voltados ao desenvolvimento da cidade. As indicações enviadas à Prefeitura abrangem melhorias em infraestrutura, educação, lazer e saúde, refletindo demandas de diferentes bairros.

Entre os pedidos, estão a construção de uma nova escola no bairro Pilar, a instalação de caçambas do programa Jogue Limpo com Duque de Caxias em Vila Rosário e Jardim 25 de Agosto, além da criação de uma quadra society em Itatiaia. Também foram solicitadas pavimentações nos bairros Cangulo, Parque Eldorado e Saracuruna, revitalização de praças em Xerém e Vila Leopoldina, implantação de placas de sinalização na Vila Oito de Maio e reforma de uma unidade escolar no Parque Lafaiete.

Outros requerimentos incluíram a presença da Unidade Itinerante Rio Imagem na Praça do Periquito, brinquedos adaptados para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Praça da Mantiqueira, em Xerém, substituição de manilhas e redes de esgoto na Vila Santo Antônio, além do envio do Castramóvel para a Praça da Cacau, no bairro Jacatirão.

Durante a reunião, a Mesa Diretora apresentou um projeto de lei para criar o Boletim Oficial Legislativo, que será o canal oficial de comunicação e divulgação das ações da Câmara. Também foi lido o projeto da vereadora Delza de Oliveira (MDB), que propõe a criação da “Rua do Grau”, espaço destinado à prática segura de manobras com motocicletas. Ambas as propostas seguirão para análise das comissões permanentes.

Na tribuna, temas de interesse da população ganharam destaque. Parlamentares cobraram soluções para problemas envolvendo empresas terceirizadas que, segundo denúncias, não vêm cumprindo suas obrigações trabalhistas, resultando em demissões e reclamações constantes. Por outro lado, foram elogiados avanços na área da saúde, como novas unidades em diferentes bairros, os atendimentos especializados nos hospitais do Coração e do Olho e os esforços para ampliar a cobertura de atenção básica no município.

Os vereadores também ressaltaram projetos conduzidos pela Secretaria Municipal de Gestão e Inovação, liderada por Christina Barichello, como a Fazendinha do Autista, em Xerém, e a futura Casa do Autista, que será implantada na cidade. Outras pautas abordaram o Programa Tarifa Zero, a expansão de linhas de transporte, obras em andamento e concursos públicos, entre eles o da Guarda Municipal, Agentes de Endemias, Comunitários de Saúde e o processo seletivo para a Educação.

Ao final, os parlamentares reforçaram que a Câmara de Duque de Caxias é um espaço democrático, onde diferentes opiniões ajudam a construir soluções e a avaliar as políticas públicas, sempre com foco no crescimento e bem-estar da população.